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Salmo 88 – Dor, clamor, silêncio e esperança

Quando a dor sufoca e tudo parece sem saída, escolha clamar. O silêncio de Deus não é rejeição, é lapidação. Ele ouve até os gritos que ninguém mais entende. A fé que persiste em meio ao silêncio é a que move o céu. Continue orando. Continue crendo. Sua resposta virá — ou sua alma será fortalecida.

Por Angela Dias | Salmo 88 | Em 28 de julho de 2025

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O Salmo 88 foi escrito por Hemã, o ezraíta, um dos sábios da época de Davi (1 Reis 4:31). Ele pertencia à tribo de Levi e era responsável pelos cânticos do templo (1 Crônicas 6:33). Este é considerado um dos salmos mais sombrios da Bíblia. Não há transição entre lamento e louvor, como ocorre em muitos salmos. É o grito de uma alma oprimida, talvez por uma enfermidade incurável, ou por sofrimento emocional intenso.

Hemã não esconde sua dor, sua crise de fé e sua sensação de abandono. O salmo é uma oração sincera, onde o sofrimento não é maquiado, mas entregue a Deus com intensidade e verdade.


Clamor diante da escuridão da alma

Versículos 1-2“Ó Senhor, Deus da minha salvação, diante de ti tenho clamado de dia e de noite. Chegue diante de ti a minha oração, inclina os teus ouvidos ao meu clamor.”

Explicação: Hemã começa reconhecendo a Deus como “Deus da minha salvação”, mesmo em meio à dor. Isso mostra que, apesar da angústia, ele mantém sua fé. O clamor constante indica que ele não desiste da presença de Deus, mesmo quando tudo parece escuro.

Aplicação prática: Em dias de dor profunda, não deixe de orar. Mesmo que Deus pareça distante, continue clamando. A fé verdadeira é provada nos dias em que não sentimos nada, mas ainda escolhemos acreditar.


Sentimento de abandono e impotência

Versículos 3-5“Porque a minha alma está cheia de males, e a minha vida se aproxima da sepultura. Sou contado com os que descem à cova, sou como um homem sem força. Entre os mortos estou livre, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais já não te lembras, e que estão separados da tua mão.”

Explicação: O salmista expressa seu esgotamento espiritual e emocional. Ele se sente como um morto-vivo, esquecido até por Deus. Há um senso de profunda solidão e impotência. É o desabafo cru de quem acredita que chegou ao fim da linha.

Aplicação prática: Todos enfrentaremos momentos em que parecerá que Deus se esqueceu de nós. Mas até esse sentimento pode ser levado a Deus. A oração não precisa ser polida, precisa ser sincera.


Um grito contra o silêncio de Deus

Versículos 6-9 “Tu me puseste na cova mais profunda, em trevas, nas profundezas. Sobre mim pesa a tua ira, e me afliges com todas as tuas ondas. Afastaste de mim os meus conhecidos, puseste-me por abominação para com eles; estou fechado, e não posso sair. Os meus olhos desfalecem de aflição...”

Explicação: Hemã entende seu sofrimento como vindo do próprio Deus. A sensação de que Deus está em silêncio gera mais dor do que a dor em si. Ele sente-se rejeitado, solitário e sem saída.

Aplicação prática: O silêncio de Deus não é ausência de Deus. Em muitos casos, é nesse silêncio que Ele está trabalhando mais profundamente em nós. O que parece castigo pode ser preparo.


Questionando o sentido da dor

Versículos 10-12“Mostrarás tu maravilhas aos mortos? Ou os mortos se levantarão e te louvarão? Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade no Abadom? Serão conhecidas nas trevas as tuas maravilhas, e a tua justiça na terra do esquecimento?”

Explicação: O salmista questiona se há sentido em sua dor. É um argumento sincero com Deus: “Se eu morrer, como poderei te louvar?” É um apelo emocional, tentando encontrar razão em meio à angústia.

Aplicação prática: É legítimo perguntar, questionar e até argumentar com Deus. A fé madura não ignora dúvidas. Deus não se ofende com perguntas sinceras, Ele responde com presença.


Fé que persiste sem respostas

Versículos 13-18“Mas eu, Senhor, clamo a ti; e pela manhã a minha oração te antecipa. Por que rejeitas, Senhor, a minha alma? Por que escondes de mim o teu rosto? Estou aflito e prestes a expirar desde moço; sofro os teus terrores e estou desorientado. Passaram por mim as tuas iras, os teus terrores me destruíram. Eles me cercam como águas todo o dia; rodeiam-me juntamente. Afastaste para longe de mim amigos e companheiros; os meus conhecidos são trevas.”

Explicação: O salmista fecha o salmo ainda em lamento. Diferente de outros textos que terminam com esperança, aqui ele permanece na escuridão. Mas mesmo assim, ele não para de orar. A sua fé está no fato de que continua se dirigindo a Deus.

Aplicação prática: A maior prova de fé é continuar orando mesmo quando não há melhora. Perseverar na presença de Deus quando tudo parece sem sentido é um ato de profunda confiança.


História bíblica: Jó e o silêncio de Deus
Jó era íntegro, temente a Deus e se desviava do mal. No entanto, em um único dia perdeu seus filhos, seus bens e sua saúde. Sua dor era tão intensa que amaldiçoou o próprio nascimento (Jó 3). Sentia-se como Hemã no Salmo 88: isolado, incompreendido e como se Deus estivesse em silêncio. Seus amigos o acusaram, e sua própria esposa lhe disse: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2:9). Mesmo assim, Jó respondeu com fé inabalável: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou. Bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Ele questionou, chorou, mas permaneceu em diálogo com o Criador. A resposta divina não veio de imediato, mas no final Deus se revelou, confrontou sua limitação e restaurou a sua sorte. Está escrito: “E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou em dobro tudo quanto Jó antes possuía” (Jó 42:10). A restituição foi completa e multiplicada — dez vezes mais. A história de Jó nos ensina que o silêncio de Deus nunca é o fim da história. A dor pode ser longa, mas a fidelidade gera honra.
História contemporânea: Mariana e o clamor por misericórdia
Mariana descobriu uma doença terminal aos 39 anos. O diagnóstico era genético — a mesma enfermidade que levou sua mãe e avó. Enquanto os médicos falavam de biologia, ela passou a enxergar um padrão espiritual de destruição. Sentia-se parte de uma herança maldita, repetindo dores de gerações. Em oração, começou a clamar como Hemã: “Senhor, por que escondes de mim o Teu rosto?” Confessou pecados antigos, reconheceu escolhas erradas e suplicou por misericórdia. Disse em voz alta: “Renuncio toda herança maldita da minha linhagem. Quebro agora todo ciclo de enfermidade e dor, em nome de Jesus.” Arrependida, entregou sua vida a Cristo. Pediu cura, mas sabia que o mais importante era a restauração da alma. “Mesmo que o corpo pereça, quero viver a eternidade com o Senhor.” Seu clamor não garantiu a cura física, mas lhe deu paz eterna. Sua alma foi curada, e sua história virou luz para outras mulheres.

Oração do dia

Senhor Deus, neste dia clamo com o coração quebrantado. Peço perdão pelos meus pecados e também pelos erros dos meus antepassados. Renuncio agora, em nome de Jesus, toda herança espiritual maldita, toda enfermidade, maldição ou padrão de dor que passou de geração em geração. Quebra essas correntes com Teu poder. Purifica minha alma, cura minhas feridas ocultas. Mesmo que o meu corpo não seja restaurado, eu escolho salvar minha alma. Entrego hoje minha vida a Jesus, meu Senhor e Salvador. Recebe-me como filha, escreve meu nome no Livro da Vida e guia meus passos para a eternidade. Amém.


Angela Dias - Instagram SBFé.

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