top of page

Salmo 80: Súplica, esperança, restauração

Deus quer restaurar aquilo que um dia foi saudável em você. Sua fé, seu propósito, sua identidade. Volte-se sempre ao centro da vontade divina. Deixe Deus visitar novamente o seu coração. Permita que Ele cure as raízes da sua alma. Hoje é dia de recomeçar com o rosto de Deus sobre você.

Por Angela Dias | Salmo 80 | Em 20 de julho de 2025

ree

O Salmo 80 foi escrito por Asafe, um dos principais líderes da adoração no tempo do rei Davi. Ele pertencia a uma família levítica encarregada da música no templo. Este salmo é uma lamentação comunitária, escrita em um tempo de grande crise para o povo de Israel — provavelmente durante a queda do Reino do Norte pelas mãos dos assírios, por volta de 722 a.C.

O povo estava enfrentando destruição, invasão e vergonha nacional. Nesse contexto, Asafe clama pela intervenção divina para restaurar a nação e resgatar o seu povo do caos.




1. O clamor pela presença de Deus

Versículos 1-3“Ó Pastor de Israel, escuta, tu que guias a José como a um rebanho. Tu que te assentas entre os querubins, resplandece. Perante Efraim, Benjamim e Manassés desperta o teu poder e vem salvar-nos. Restaura-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos.”

Explicação:O salmista inicia com uma súplica direta ao “Pastor de Israel”, um título que revela o cuidado paternal de Deus por seu povo. Ele evoca tribos do norte (Efraim, Benjamim e Manassés), representando a nação que sofre. O pedido central é por restauração e salvação, clamando pelo resplendor do rosto de Deus — símbolo de favor divino.

Aplicação prática:Quando nos sentimos desamparados, podemos nos lembrar que Deus ainda é o nosso Pastor. Em momentos de caos, o nosso primeiro passo deve ser clamar pela presença e intervenção dEle, confiando que Sua luz ainda pode brilhar sobre nossa escuridão.


2. Lamento pela ira divina e pelas lágrimas do povo

Versículos 4-7“Ó Senhor Deus dos Exércitos, até quando estarás indignado contra a oração do teu povo? Dás-lhes a comer pão de lágrimas e a beber lágrimas com abundância. Tu nos pões por motivo de contenda entre os nossos vizinhos, e os nossos inimigos zombam de nós. Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos.”

Explicação:Asafe reconhece que o sofrimento atual é consequência da ira de Deus — não por crueldade, mas como resultado da infidelidade do povo. Eles estavam se alimentando de “pão de lágrimas”, ou seja, suas próprias dores eram diárias e constantes.

Aplicação prática:Devemos reconhecer quando as consequências da nossa vida são fruto de afastamento espiritual. Deus permite momentos de dor para nos levar de volta ao centro da vontade dEle. O caminho de retorno começa pela humildade e pelo arrependimento sincero.


3. A parábola da videira plantada por Deus

Versículos 8-13“Trouxeste uma videira do Egito; lançaste fora os gentios e a plantaste. Preparaste-lhe lugar, e fizeste com que lançasse raízes, e encheu a terra. Os montes cobriram-se com a sua sombra, e os seus ramos eram como os dos formosos cedros. Estendeu os seus ramos até ao mar, e os seus rebentos até ao rio. Por que quebraste as suas sebes, de modo que todos os que passam por ela a vindimam? O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.”

Explicação:Aqui o salmista usa a metáfora da videira — símbolo de Israel. Deus cuidou da nação desde o Egito, deu-lhe espaço para crescer e ela se espalhou. Mas agora, a proteção foi removida (as sebes quebradas), permitindo que inimigos devastassem tudo.

Aplicação prática:Somos como uma videira que precisa permanecer ligada ao Agricultor. Quando nos desconectamos da videira verdadeira, que é Cristo (João 15:1), perdemos a proteção e a direção. O segredo da estabilidade é permanecer plantado na presença de Deus.


4. O apelo final pela restauração

Versículos 14-19“Ó Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos! Olha do céu e vê, e visita esta videira. A videira que a tua mão direita plantou, e o ramo que fortificaste para ti. Está queimada pelo fogo, está cortada; perece pela repreensão do teu rosto. Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem que fortificaste para ti. Assim, não nos desviaremos de ti; vivifica-nos, e invocaremos o teu nome. Restaura-nos, Senhor Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos.”

Explicação:O salmista termina o salmo com um forte apelo para que Deus visite novamente a videira, ou seja, a nação. Ele clama por um líder, o “homem da tua destra”, que muitos estudiosos consideram uma figura messiânica, apontando profeticamente para Jesus Cristo.

Aplicação prática:Devemos pedir a Deus que nos vivifique novamente e envie liderança espiritual sobre nossas vidas e nações. A restauração pessoal e coletiva começa quando há vida espiritual renovada, invocação sincera do nome de Deus e desejo de permanecer nEle.


História bíblica. Fatos reais

A destruição do Reino do Norte pelas mãos dos assírios	
	O Reino do Norte, também conhecido como Israel, foi formado após a divisão do reino de Salomão. Composto por dez tribos, tinha sua capital em Samaria. Desde sua origem, Israel afastou-se de Deus, promovendo cultos idolátricos, erguendo altares a deuses estrangeiros como Baal, Aserá, Moloque, Quemos e Milcom e se entregando a práticas pagãs.
	Apesar dos inúmeros avisos dos profetas, o povo não se arrependeu. Deus então permitiu que o império assírio, um dos mais cruéis da época, invadisse a região. A invasão final aconteceu por volta de 722 a.C., quando o rei assírio Salmaneser V sitiou Samaria por três anos. O povo foi levado cativo, as cidades destruídas e a identidade espiritual da nação praticamente apagada.
	Esse foi o pano de fundo do Salmo 80: Asafe, vendo a desolação do Reino do Norte, clama com dor por restauração. A “videira que Deus plantou no Egito” agora estava queimada, pisoteada e abandonada. Era um lamento por uma história que poderia ter sido diferente, caso o povo tivesse permanecido fiel à aliança com Deus.
A idolatria moderna e a destruição da nossa vida espiritual
	Hoje, não temos altares de Baal ou imagens de Aserá nas praças. Mas enfrentamos uma forma sutil e perigosa de idolatria: a idolatria moderna. Ela se manifesta quando colocamos qualquer coisa no centro da nossa vida que não seja Deus. Pode ser o sucesso, a aparência, o dinheiro, a aprovação das redes sociais ou até mesmo relacionamentos.
	Assim como Israel foi seduzido por costumes estrangeiros e perdeu sua identidade espiritual, muitos hoje estão sendo lentamente destruídos por uma cultura que valoriza mais o ter do que o ser, mais o prazer do que a obediência.
	A consequência é semelhante: vidas espirituais enfraquecidas, famílias desestruturadas e fé superficial. A proteção que antes cercava como uma cerca a “videira” da nossa alma é quebrada, e as “feras do campo” — ansiedade, solidão, vazio — invadem sem resistência.
	O Salmo 80 nos alerta: precisamos clamar por restauração antes que seja tarde. Deus ainda ouve. Ele ainda visita a videira que plantou. Mas é necessário arrependimento e retorno sincero ao primeiro amor. Só assim poderemos dizer com fé: “Faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos”.

Apêndice 1 – As tribos do Reino do Sul e do Reino do Norte

Após a morte do rei Salomão, o reino de Israel foi dividido em dois. O Reino do Sul, chamado Judá, era composto pelas tribos de Judá e Benjamim, com a capital em Jerusalém.

Já o Reino do Norte, chamado Israel, era formado pelas outras dez tribos restantes: Rúben, Simeão, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, Efraim e Manassés, com a capital em Samaria.

O Reino do Norte foi o primeiro a cair, sendo invadido pelos assírios em 722 a.C., e suas tribos foram dispersas entre as nações, perdendo sua identidade espiritual.


Apêndice 2 – Os ídolos estrangeiros e suas formas modernas

Durante o tempo do Reino do Norte, Israel se contaminou com a adoração a deuses estrangeiros, importados de povos vizinhos. Entre os principais estavam:

Baal, deus cananeu da fertilidade e da chuva, representava o poder e o prazer sensual.

Aserá, deusa mãe, adorada com rituais sexuais e postes sagrados.

Moloque, deus amonita, exigia sacrifícios humanos, inclusive de crianças.

Quemos e Milcom, deuses moabita e amonita, associados à guerra, controle e manipulação religiosa.

Esses ídolos tinham origem nas regiões da Fenícia, Canaã, Moabe e Amom — hoje territórios próximos à Síria, Líbano, Jordânia e Palestina.

Nos dias atuais, esses mesmos ídolos se manifestam de forma sutil e moderna: na obsessão por prazer, na sexualidade sem limites, na cultura da morte, no egocentrismo, no materialismo e no domínio ideológico que afasta o ser humano de Deus. Eles não têm mais nomes mitológicos, mas continuam ocupando o altar do coração de muitos.

O Salmo 80 nos convida a rejeitar essas falsas divindades e clamar pela restauração da verdadeira conexão com o Deus vivo, que nos visita, cura e salva.


Conclusão

O Salmo 80 não é apenas um lamento do passado, é um espelho para o presente. Ele revela o quão longe podemos ir quando deixamos de priorizar a presença de Deus. Asafe clama por um povo que se perdeu, tribos que foram levadas ao exílio, identidades espirituais apagadas pela idolatria e pela desobediência. Mesmo assim, o amor de Deus permaneceu intacto. Ele não abandonou Sua criação. Ao contrário, enviou Seu Filho Jesus para restaurar o que foi destruído e reconectar a videira à fonte da vida. Hoje, essa mesma graça está disponível, mas muitos continuam presos à idolatria moderna — rendendo o coração a bens, fama, distrações e vaidades. Que esse salmo nos desperte para clamar como Asafe: “Restaura-nos, ó Deus, faze resplandecer o teu rosto e seremos salvos”. Ainda há tempo para recomeçar — mas só quando deixamos Deus visitar novamente a videira do nosso coração.


Oração do dia – Salmo 80

Senhor Deus dos Exércitos, visita novamente a videira que plantaste. Restaura o que foi quebrado em nós. Perdoa-nos por colocarmos a carreira, os bens, as distrações e os desejos acima da Tua presença. Livra-nos da idolatria moderna que rouba o nosso tempo, esfria a nossa fé e distancia o nosso coração de Ti. Faze resplandecer o Teu rosto sobre nós, cura nossas raízes e planta novamente em nós o temor, a fé e a obediência. Vivifica-nos e seremos salvos. Em nome de Jesus, amém.


Angela Dias - Instagram SBFé.

Ministério Família da Assembleia dos Santos Ipiaú - BA

Comentários


Siga-nos no Instagram SBFe_sabedoriaeboafe

©2019 Edição SBF e SBFé Angela Dias 2022

bottom of page