Salmo 35: Deus luta por você
- Angela Dias
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Atualizado: há 1 dia
Refúgio em meio à tempestade. Você já se sentiu deslocada, injustiçada ou sem forças para reagir?
Por Angela Dias | Salmo 35 | 03 de junho de 2025.

O Salmo 35 é um clamor intenso de Davi, um pedido por justiça divina diante da opressão humana. Nele, vemos a oração de alguém que está sendo perseguido por pessoas a quem fez o bem. Davi não apenas se defende — ele invoca o céu para intervir, confiando que Deus é o juiz fiel e o defensor perfeito.
1. O pedido de justiça (versículos 1 a 10)
Davi começa pedindo para que Deus entre na luta por ele. Ele está sendo injustiçado, caluniado e perseguido. Sua resposta não é violência, mas oração com estratégia espiritual.
“Contende, Senhor, com aqueles que contendem comigo; combate contra os que me combatem.” (v.1)
A linguagem aqui é de tribunal e campo de batalha. Davi reconhece que há inimigos visíveis e invisíveis, e que Deus é seu defensor legal e militar. Nos versículos seguintes, ele usa imagens fortes:
“Toma do escudo e do pavês e levanta-te em minha ajuda.” (v.2)“Empunha da lança e do dardo contra os que me perseguem; dize à minha alma: Eu sou a tua salvação.” (v.3)
Davi está pedindo ação sobrenatural. Ele quer sentir o Senhor presente, atuante, combatendo. Ele pede para ouvir do próprio Deus: “Eu sou a tua salvação.” Essa é a maior segurança que um coração ferido pode receber.
Davi deseja que os seus inimigos sejam envergonhados (v.4–6), que caiam em sua própria armadilha (v.7–8) e que a justiça de Deus traga livramento. Mas no meio dessa luta, ele deixa clara sua postura:
“E a minha alma se alegrará no Senhor, exultará na sua salvação.” (v.9)
Mesmo antes de ver a resposta, ele declara alegria e gratidão. Fé é isso: adorar antes de vencer.
2. A dor da traição (versículos 11 a 18)
Agora Davi abre o coração. Ele não está apenas lidando com inimigos declarados. Ele está sendo atacado por pessoas que receberam seu carinho, sua intercessão, seu cuidado.
“Levantam-se testemunhas maliciosas; interrogam-me sobre coisas que eu ignoro.” (v.11)“Pagam-me o mal pelo bem; é desolação para a minha alma.” (v.12)
Aqui há um rompimento emocional. Davi sente-se traído. O versículo 13 mostra sua atitude diante do sofrimento dos outros:
“Eu, porém, quando estavam enfermos, vestia-me de silício, humilhava-me com jejum...” (v.13)
Ele orava por eles. Jejuava. Chorava como por um irmão. Mas quando ele precisou, recebeu zombaria, desprezo e malícia.
“Mas, quando eu tropeçava, eles se alegravam e se congregavam...” (v.15)
Essa é uma dor que muitos conhecem: sofrer nas mãos de quem você ajudou. Davi ora com sinceridade, sem esconder sua tristeza. Mas mesmo assim, ele termina essa parte com esperança:
“Eu te darei graças na grande congregação; entre muitíssimo povo te louvarei.” (v.18)
Ele declara que a dor não vai calar sua adoração.
3. A esperança da restauração (versículos 19 a 28)
A última parte do salmo revela a confiança de Davi na justiça futura de Deus. Ele pede que os que zombam dele não triunfem eternamente.
“Não se alegrem de mim os que são meus inimigos sem razão...” (v.19)
Aqui Davi confronta a maldade com oração, pedindo que Deus freie a língua enganadora e o espírito de escárnio. Ele quer restauração, não apenas vingança. Ele quer a honra que vem do alto.
“Regozijem-se e alegrem-se os que amam a minha justiça e digam continuamente: Seja engrandecido o Senhor...” (v.27)
Ele termina o salmo com uma visão coletiva: que todos os justos celebrem a fidelidade de Deus. E finaliza com uma promessa pessoal:
“E a minha língua falará da tua justiça e do teu louvor todo o dia.” (v.28)
Mesmo ferido, mesmo pressionado, mesmo injustiçado — Davi termina louvando.
Conclusão: justiça não é vingança, é confiança
O Salmo 35 não é uma oração raivosa. É um manifesto de fé no meio da opressão. Davi nos ensina que:
A justiça de Deus é mais poderosa do que a vingança humana.
A oração sincera é mais eficaz do que a resposta impulsiva.
O louvor pode nascer até da dor, quando a alma confia em Deus.
Se você está passando por perseguição, críticas ou foi injustiçada por quem você ajudou, este salmo é seu refúgio e modelo. Você pode orar com verdade, chorar com liberdade e confiar que o céu responde com justiça.
Oração final
Senhor, eu entrego a Ti as lutas que não consigo vencer sozinha. Tu vês as injustiças que enfrento, os ataques que chegam sem motivo e os corações que se levantam contra mim. Eu escolho confiar na Tua justiça. Contende por mim. Luta por mim. Defende-me com Tua verdade. Eu não me calarei diante da dor, mas também não deixarei que ela me afaste do Teu louvor. Assim como Davi, eu declaro: minha língua falará da Tua justiça e do Teu louvor todo o dia. Em nome de Jesus, amém.
Refúgio em meio à tempestade:
Isabela tinha 16 anos e viajou para seu intercâmbio internacional. Ela chegou cheia de expectativa. Casa nova, idioma novo, comidas diferentes, uma escola totalmente diferente da brasileira. Mas bastaram três semanas para que o sonho começasse a se tornar um desafio emocional.
Sentindo-se fora do lugar: Na escola, Isabela sentia que não pertencia. Os grupos já estavam formados, as conversas rápidas eram difíceis de acompanhar, e até o jeito de se vestir parecia destoar. No primeiro mês, ela já se pegava chorando no travesseiro quase todas as noites. E a situação piorou quando um grupo de meninas começou a debochar do sotaque dela, do jeito como falava certas palavras, da forma como se vestia.
Foi então que, uma tarde, após mais um dia difícil, ela entrou em seu quarto, deitou na cama e orou com o coração quebrado. Sem saber exatamente o que dizer, abriu sua Bíblia que tinha levado do Brasil e caiu no Salmo 35. “Contende, Senhor, com aqueles que contendem comigo; combate contra os que me combatem.” (Salmo 35:1)
Aquelas palavras atravessaram o peito dela como se tivessem sido escritas especialmente para aquele momento. Isabela entendeu que não precisava se justificar o tempo todo, nem revidar, nem tentar provar quem ela era. Ela podia entregar aquela dor nas mãos de Deus, como Davi fez. Naquele dia, Isabela não chorou de tristeza. Chorou de alívio. Ela percebeu que não estava sozinha. Que o céu via. Que Deus não era apenas um companheiro nos bons momentos da vida — Ele era seu defensor na batalha silenciosa da alma.
A mudança não foi externa, foi interna: Os conflitos não desapareceram da noite para o dia. Mas algo dentro dela mudou. Isabela começou a orar com sinceridade por aquelas meninas. Ela passou a viver com mais leveza, pois sabia que a sua reputação estava nas mãos do Senhor. E pouco a pouco, sua postura chamou atenção.
Uma das garotas do grupo se afastou das outras e procurou Isabela para conversar. Pediu desculpas, disse que admirava a forma como ela aguentava tudo sem explodir. Foi o começo de uma nova amizade, e também o início de uma restauração silenciosa naquele ambiente escolar.
E se você estiver passando por algo parecido — sendo alvo de olhares, injustiças ou sendo mal interpretada — lembre-se: você não precisa brigar para vencer. Você precisa entregar. Deus ainda luta por aqueles que confiam n’Ele. “E a minha língua falará da tua justiça e do teu louvor todo o dia.” (Salmo 35:28)
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