Salmo 22 – O Salmo da Cruz
- Angela Dias
- 20 de mai.
- 5 min de leitura
Quando a dor encontra o propósito. Nem toda dor é castigo. Às vezes, é preparação de Deus! Aprenda com Davi a transformar sofrimento em força espiritual.
Por Angela Dias em Verona dia 20/05/2025

O Salmo 22 foi escrito por Davi, o homem segundo o coração de Deus. Mas este salmo se destaca por sua profundidade profética e emocional. Ele descreve com riqueza de detalhes um sofrimento que vai muito além das experiências de Davi, apontando diretamente para o sofrimento do Messias, Jesus Cristo, séculos antes de sua crucificação. É por isso que muitos estudiosos consideram este salmo como "o salmo da cruz".
Davi escreveu esse salmo em um momento de angústia intensa, quando se sentia abandonado, desprezado e a ponto de morrer. No entanto, ele não parou na dor. Ele transformou sua dor em oração, sua angústia em entrega, sua aflição em confiança.
Deus me formou, Deus me sustenta
“Contudo, tu me tiraste do ventre; fizeste-me confiar desde o seio de minha mãe.” Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és meu Deus desde o ventre de minha mãe.” (V.9-10)
Esses dois versículos são uma declaração poderosa de identidade e propósito. Mesmo em meio ao sofrimento, Davi reconhece que Deus estava presente desde o início de sua existência. Essa consciência nos leva a entender que ninguém nasce por acaso, ninguém chega a este mundo sem um propósito divino.
Quando Davi diz “tu me tiraste do ventre” ele está afirmando: Deus é o autor da minha história. E ao dizer “tu és meu Deus desde o ventre da minha mãe”, ele reconhece que sua conexão com o Criador vem antes de qualquer experiência de dor.
Aplicação prática: Não importa quão intensa seja a dor, quando sabemos quem nos formou, quem nos chamou e quem nos sustenta, conseguimos resistir aos piores dias com fé. A chave é lembrar: você é fruto de um propósito eterno, não de um acidente humano.
A dor que se transforma em adoração
“O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.” (v25)
Mesmo enfrentando o que parecia ser o abandono de Deus, Davi antecipa que voltará a louvar. Ele fala do louvor público, da restauração da esperança e do cumprimento de promessas feitas em meio à dor.
Isso nos ensina uma lição prática: a dor é temporária, mas o propósito é eterno. Quando conseguimos olhar para além do sofrimento, encontramos força para seguir e fé para adorar.
“Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam; o vosso coração viverá eternamente.”(v26)
Aqui há uma virada de chave: Davi aponta para a recompensa dos que confiam em Deus. Os mansos, os humildes, os que perseveram, esses serão saciados. Não é uma promessa apenas de provisão material, mas de abundância espiritual, de vida plena e eterna.
“Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se converterão todos os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das nações.”(v7)
Este versículo revela o poder do testemunho da dor redimida. A transformação de Davi será tão significativa que outras nações se voltarão para Deus. É o retrato profético de um reino eterno que não se limita a Israel, mas alcança os confins da terra. E mais uma vez vemos aqui um reflexo direto de Cristo, cujo sofrimento na cruz trouxe salvação para todos.
"Salmo da cruz"?
Essa expressão se deve ao fato de que vários trechos do Salmo 22 são diretamente associados à crucificação de Jesus, descrita nos Evangelhos. O salmo é uma espécie de retrato profético da crucificação, escrito cerca de mil anos antes de Cristo, por Davi. Vamos ver algumas evidências:
1. Abertura idêntica às palavras de Jesus na cruz
Salmo 22.1: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Mateus 27.46 e Marcos 15.34: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Essa é uma das declarações mais marcantes de Jesus na cruz. Ao citá-la, Ele está apontando para todo o Salmo 22. Os judeus conheciam bem os salmos, e ao mencionar o primeiro versículo, Jesus estava também chamando atenção para toda a profecia que aquele salmo contém.
2. Detalhes do sofrimento físico semelhantes ao da crucificação
Salmo 22.16: “Transpassaram minhas mãos e os meus pés.”
Esse versículo é uma descrição clara do que aconteceria na crucificação de Jesus — um método de execução ainda inexistente na época de Davi, o que torna o texto profeticamente preciso.
3. A partilha das vestes
Salmo 22.18: “Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica.”
João 19.23-24 confirma esse cumprimento literal: os soldados dividiram as vestes de Jesus e lançaram sortes sobre sua túnica.
4. O escárnio e a zombaria
Salmo 22.7-8: “Todos os que me veem zombam de mim, arreganham os lábios e meneiam a cabeça: ‘Confiou no Senhor, livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer.’’
Mateus 27.39-43 mostra exatamente essa zombaria: os que passavam meneavam a cabeça e diziam: “Confiou em Deus? Pois que Deus o livre!”
Ou seja, não é apenas pela frase inicial, mas pela harmonia profética de todo o salmo com o relato da crucificação nos Evangelhos que os estudiosos cristãos chamam o Salmo 22 de “Salmo da cruz”.
Esse salmo é uma ponte entre a dor de Davi e a redenção de Cristo, mostrando que o sofrimento, quando entregue nas mãos de Deus, se transforma em instrumento de salvação.
Conclusão: A dor de hoje pode ser a preparação para o propósito de amanhã
Muitas vezes, vivemos situações que não compreendemos. Passamos por dores que parecem não fazer sentido e perguntamos: “Por quê, Senhor?”. Mas o Salmo 22 nos lembra que Deus enxerga o que ainda não vemos. Aquilo que hoje parece abandono, amanhã pode ser força construída em silêncio.
Davi não sabia que suas palavras atravessariam gerações e descreveriam com precisão a crucificação do Salvador. Ele só sabia que doía. Mas Deus sabia que aquela dor seria semente de esperança para milhões.
Da mesma forma, o que você vive hoje pode ser a preparação para suportar dores maiores ou missões mais altas amanhã. O Senhor conhece o seu futuro e está usando o presente para te fortalecer. Nada é em vão quando Deus está no controle.
Com essa consciência, encerramos nosso estudo do Salmo 22. Que você jamais esqueça: a dor passa, mas o propósito permanece.
Oração
Senhor, nos momentos em que sentimos o peso da dor e o silêncio do céu, queremos lembrar que Tu estás conosco desde o ventre. Tu és o Deus que não abandona, mesmo quando não entendemos Teus caminhos. Assim como Davi, queremos transformar nossa angústia em adoração e nossa dor em propósito. Que o Salmo 22 nos lembre que a cruz não é o fim, mas o caminho para a glória. Que o nosso coração permaneça firme, sabendo que fomos formados com um propósito eterno. Em nome de Jesus, Amém.
📖 Referências bíblicas
Leia na sua Bíblia e permita que o Espírito Santo fale diretamente ao seu coração.
Salmo 22:1 – Davi clama sentindo-se desamparado em meio à dor profunda.
Salmo 22:7-8 – O salmista descreve zombarias e desprezo daqueles que o cercam.
Salmo 22:9 – Deus é reconhecido como cuidador desde o nascimento.
Salmo 22:10 – Davi declara sua confiança desde o ventre materno.
Salmo 22:16 – Mãos e pés transpassados apontam profeticamente para a cruz.
Salmo 22:18 – Descreve a partilha de vestes em detalhes proféticos.
Salmo 22:25 – Louvor público é prometido após o sofrimento superado.
Salmo 22:26 – Mansos serão saciados e encontrarão vida no Senhor.
Salmo 22:27 – Todas as nações se lembrarão e adorarão ao Senhor.
Mateus 27:39-43 – Jesus é zombado exatamente como o salmo profetizou antes.
Mateus 27:46 – Jesus clama na cruz citando diretamente o Salmo 22.
João 19:23-24 – Soldados repartem vestes cumprindo a profecia de Davi.
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