Eu falo muito, demais ou nada?
- Angela Dias

- 4 de abr.
- 9 min de leitura
Aprenda a falar com amor. O silêncio e o excesso também gritam
Por Angela Dias, inspirada na ministração do Pr. Cláudio Duarte de 26 de março de 2025

A comunicação é um dos maiores desafios dos nossos tempos. Falamos, escutamos, reagimos, silenciamos... mas será que nos entendemos? A ministração me trouxe à tona uma reflexão profunda e, ao mesmo tempo, divertida sobre os diversos aspectos da comunicação, especialmente no ambiente familiar e conjugal.
Neste texto, vou compartilhar os principais aprendizados que anotei e desenvolvi, com base no que foi ministrado, para que você possa aplicar no seu dia a dia e transformar suas relações.
A força da palavra: o poder que sai da sua boca
A Bíblia é clara quando trata sobre a importância das palavras. Tiago 3 dedica praticamente um capítulo inteiro ao poder da língua, dizendo:
"Se alguém não tropeça no falar, é um homem perfeito, capaz de refrear também todo o corpo" (Tiago 3:2). A língua é como um leme: pequena, mas capaz de conduzir todo o curso da vida. E também como uma brasa, que pode incendiar um bosque inteiro (Tiago 3:5-6).
Isso mostra que quem controla o que fala, domina muito mais do que palavras: domina a si mesmo.
"O que guarda a boca e a língua, guarda a sua alma das angústias." (Provérbios 21:23)
Palavras mal colocadas, ditas fora do tempo ou com o tom errado, têm o poder de destruir relacionamentos, provocar mágoas profundas e afastar corações que estavam unidos.
Falar muito ou falar demais?
Essa foi uma das grandes provocações da mensagem: existe diferença entre falar muito e falar demais.
Quem fala demais, fala na hora errada, diz o que não devia e, ao invés de resolver, piora a situação.
Já quem fala muito, mas com sabedoria, usa as palavras para edificar, exortar e motivar.
Quantas vezes uma simples conversa virou discussão e uma tentativa de resolver, virou uma tempestade emocional?
Propósitos da comunicação: o que você quer quando fala?
A comunicação pode ter três propósitos:
Exortar (alertar): quando o objetivo é corrigir com amor, apontar um erro ou chamar à responsabilidade.
Exemplo: Quando sua esposa ou marido diz “você não está presente”, pode ser um pedido de atenção, de presença e afeto. Pode ser duro de ouvir, mas necessário.
Inspirar: quando falamos com o intuito de levar o outro à consciência do que precisa mudar. Como um espelho emocional, mostramos aquilo que talvez o outro não consiga enxergar.
Motivar: quando usamos nossas palavras para impulsionar o outro à ação, para que ele avance, se mova, saia da estagnação.
A comunicação e seus elementos: o que compõe um bom diálogo?
A comunicação eficaz tem seis elementos fundamentais:
Emissor: Quem fala. Precisa saber o que dizer e como dizer.
Receptor: Quem ouve. E aqui entra o grande desafio: será que a pessoa está realmente entendendo o que você quer dizer?
Mensagem: O conteúdo. Ela deve ser clara, objetiva e relevante.
Código: A linguagem utilizada. Cada pessoa tem um “código” emocional e mental. Descubra o que atinge seu filho, cônjuge ou colega de forma mais eficaz.
Contexto: O ambiente e o momento da conversa. Nem tudo se resolve na hora do estresse.
Canal: O meio usado. Hoje falamos por WhatsApp, e-mail, redes sociais... mas nada substitui um olhar, um toque, uma presença.
Os ruídos que distorcem tudo
O ruído é tudo aquilo que atrapalha a mensagem. Muitas vezes, enquanto o outro fala, já estamos formulando nossa resposta — isso é reagir, não responder. Responder exige escuta, ponderação e domínio.
Se não houver esse cuidado, a comunicação se perde e dá lugar à acusação, à ironia e ao sarcasmo, que são venenos em qualquer relacionamento.
Casamento, filhos e convivência: onde mora o desafio
A convivência intensifica os desafios da comunicação. A intimidade, que deveria facilitar, muitas vezes se torna uma desculpa para perder o filtro, o respeito e o cuidado. É por isso que muitas brigas em casa terminam em mágoa, silêncio ou até divórcio.
"O problema não é quando há discussão. O problema é quando o silêncio impera, quando se desiste de conversar."
E aí vem uma verdade dura, mas libertadora: você não deve mudar esperando que o outro mude. Você deve mudar porque isso faz de você uma pessoa melhor.
Comunicação é também ação: viva o que você fala
A verdadeira comunicação vai além das palavras. Ela se dá nas atitudes, nas expressões, nos gestos. Muitos casais conversam sobre tudo, menos sobre eles. Falam sobre o trabalho, os filhos, a igreja, os problemas... mas nunca sobre o amor, os sonhos, os medos, as fraquezas.
É preciso voltar a conversar com o coração. Sentar, ouvir, abraçar, orar juntos.
O silêncio que cura, a palavra que edifica
"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo."(Provérbios 25:11)
Nem todo silêncio é covardia, e nem toda palavra é coragem. Há momentos em que o silêncio é escudo, proteção contra feridas desnecessárias. O silêncio certo é aquele que preserva a paz, evita contendas e abre espaço para a escuta genuína. Usamos esse silêncio quando a emoção está à flor da pele, quando o ambiente está carregado ou quando ainda não temos clareza do que dizer. Já a palavra, quando for proferida, precisa vir no tempo certo, com a motivação certa e com o coração curado. O desafio não é apenas saber calar, mas também saber falar no tempo de Deus — com sabedoria, graça e propósito.
O humor como ponte e cura
A leveza e o bom humor também são instrumentos poderosos de comunicação. O próprio Pr. Cláudio mostrou isso de forma magistral. Às vezes, tudo o que a família precisa é de um pouco mais de alegria, brincadeira e descontração.
Brinque com seus filhos. Implique com sua esposa de forma carinhosa. Valorize seu marido. Ria das suas próprias falhas. A vida não é perfeita, mas pode ser profundamente feliz se for vivida com amor e intenção.
Na ministração o Pr. Cláudio Duarte traz três analogias poderosas e engraçadas para ilustrar as diferenças de comunicação entre homem e mulher, principalmente no que diz respeito à interpretação de palavras simples como "nunca" e "nada". Aqui estão elas extraídas da transcrição:
📌 1. A palavra "nunca"
Para o homem, "nunca" é literal — significa nunca mesmo.Para a mulher, "nunca" é uma forma emocional de dizer que está insatisfeita ou querendo algo.
Exemplo citado:A mulher diz: "Você nunca me leva para sair."O homem responde: "Como assim nunca? Semana passada fomos na casa da sua mãe! Ano passado fomos a Águas de Lindóia!"
👉 A mulher queria apenas expressar que queria sair mais, ser surpreendida, viver algo diferente. Já o homem entende como uma acusação literal, e isso gera conflito.
📌 2. A palavra "nada"
Para o homem, "nada" é nada mesmo, ou seja, ele está bem, quer ficar calado, ou está apenas cansado.Para a mulher, "nada" pode significar “tem muita coisa errada, mas quero que você perceba sozinho.”
Exemplo citado:O marido pergunta: "O que foi?"Ela responde: "Nada."E por dentro pensa: "Será que ele não percebe que eu estou mal?"
👉 O homem não tem o “radar emocional” ativado como a mulher. Se a mulher quiser ser compreendida, precisa ser clara. O homem não é médium, e o pastor brinca: “Ele não é discípulo de Chico Xavier.”
📌 3. A analogia do "coisa" e do "nada" como linguagem feminina abstrata
O pastor também faz uma analogia com a palavra "coisa", usada pela mulher como um código cheio de significados.
“A palavra ‘coisa’ não fala nada, mas explica tudo.”
Exemplos:
"A coisa tá feia."
"Preciso falar uma coisa com você."
"Tô sentindo uma coisa estranha."
👉 A mulher comunica de forma abstrata, sensorial e emocional, enquanto o homem é literal, objetivo e prático.Conclusão dele: O mundo feminino “vê o que não está diante dos olhos, ouve o que não foi dito e sente o que não está no ambiente.” Por isso, muitos casais se desencontram na linguagem do dia a dia.
Finalizando: viva um milagre na sua comunicação
Você não precisa de um divórcio, precisa de um milagre. E esse milagre começa quando você decide mudar o tom, as palavras, a intenção.
"A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto." (Provérbios 18:21)
Seja intencional. Aprenda a ouvir. Fale com clareza. Peça perdão. Corrija com amor. Inspire pelo exemplo. E acima de tudo, comunique o que há de melhor em você: o amor de Cristo.
Leia agora, três histórias contemporâneas, fictícias com lições reais:
A força da palavra: o poder que sai da sua bocaHistória 1: Berenícia Apaziguada – “Aquela que traz a paz” Berenícia era professora de literatura e conhecida por sua eloquência, mas dentro de casa suas palavras viravam flechas. Seu filho adolescente, Heitor, passou a evitar qualquer conversa com ela. Um dia, ao vasculhar o quarto dele, encontrou um bilhete rasgado com a frase: “Nada que eu diga tem valor. Eu desisto.”
Desesperada, ela confrontou o filho, mas ouviu o silêncio como resposta. Chorou sozinha no quarto e, pela primeira vez em muitos anos, dobrou os joelhos e pediu a Deus que curasse sua casa pela boca dela. Em oração, entendeu que havia usado a linguagem certa no ambiente errado.
Começou a mudar suas palavras. Trocou acusações por perguntas, críticas por escuta. O filho, aos poucos, voltou a sorrir. Certa noite, ele se aproximou dela e disse: “Mãe, agora eu escuto amor no seu tom.”
Propósitos da comunicação: o que você quer quando fala?História 2: Otorino Belmudo – “Ouvinte do bem” Otorino era gerente de vendas, carismático e motivador — no trabalho. Em casa, era o oposto: ausente, frio, e suas palavras só vinham para corrigir ou apontar erro. Sua esposa, Judite, cansada de lutar sozinha, preparou as malas e deixou uma carta sobre a cama:
“Você é um excelente profissional, mas um marido que nunca me ouviu.”
Ao chegar em casa e ver tudo vazio, Otorino caiu no chão. Lembrou-se da pregação de um culto que não prestou atenção, onde o pastor dizia:
"Escutar é mais do que ouvir; é amar com os ouvidos.”
Ele caiu em pranto e decidiu buscar direção em Deus.
Foi atrás da esposa, não com discurso pronto, mas com o coração quebrado. Pediu perdão e disse: “Dessa vez, eu vim ouvir. Não para rebater, mas para entender.” Eles recomeçaram e transformaram o quarto onde quase tudo terminou em lugar de oração e reconciliação. Comunicação é também ação: viva o que você falaHistória 3: Calisto Verbo – “Aquele que brilha ao falar” Calisto era influencer digital. Suas redes falavam de empatia, paz e gratidão, mas sua esposa, Tâmara, dizia que ele era “famoso só fora de casa”. Suas ações não condiziam com os stories: não participava das refeições, ignorava os aniversários dos filhos e vivia no celular.
Em uma live, Calisto foi surpreendido com um comentário: “Você é inspiração para os outros, mas seu filho chora no quarto.” Aquilo o desestabilizou. Na mesma noite, foi até o quarto do filho e o viu dormindo com um desenho na mão: a família de mãos dadas, mas ele desenhado fora da cena.
Calisto desligou o celular por uma semana, procurou ajuda pastoral e se reconciliou com Deus primeiro, antes de tentar reconquistar sua família. Voltou às redes depois de um mês com um vídeo simples, dizendo: “Minhas palavras só têm valor se minha casa for meu primeiro púlpito.”Oração Final – Pastora Mary Duarte (esposa do Pr. Claudio Duarte)
“Pai, em nome de Jesus, eu quero Te agradecer por esses momentos que passamos aqui. Quero Te pedir, ó Deus, que Tu venhas velar pela vida do Teu povo. Eis aí o Teu povo, que recebeu tantas informações, e que eles possam colocar em prática. Porque o mais importante não é aquilo que a gente ouve, mas é aquilo que a gente decide fazer com o que ouvimos. Então que saiam daqui homens e mulheres valentes, que vão decidir tomar uma decisão — e não para segunda-feira — mas para hoje, para agora, para mudança de vida. Mudar, Senhor, toda a estrutura, talvez, que já vem de anos e anos. Mas nós sabemos que contigo nós podemos. Nós sabemos que Tu podes todas as coisas em nossa vida, porque nada é impossível para Ti. Então toma nossas vidas em Tuas mãos. Nos dê uma noite abençoada. É o que eu Te peço, em nome de Jesus. Amém.”
📖 Referências Bíblicas: O poder da comunicação segundo a Palavra
A Bíblia nos ensina que as palavras têm o poder de edificar ou destruir, curar ou ferir. Dominar a língua é um sinal de sabedoria e maturidade espiritual. Quando comunicamos com propósito, alinhados com os princípios de Deus, promovemos paz, restauração e unidade. As Escrituras são o nosso guia para uma comunicação mais assertiva, amorosa e cheia de graça.
📖 Tiago 3:2-6: Fala sobre o poder da língua, comparando-a a um leme e uma brasa.
📖Tiago 1:26: Alerta sobre a importância de refrear a língua para não se enganar e a prática religiosa não ser vã.
📖Tiago 1:19: Recomenda ser pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar.
📖Provérbios 21:23: Aquele que guarda sua boca e língua, guarda sua alma das angústias.
📖Provérbios 18:21: A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza comerá do seu fruto.
📖Gênesis 11 (Torre de Babel): Mostra o poder da comunicação unificada e seu impacto em alcançar objetivos comuns.
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