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Culturas ao redor do mundo

Vamos conhecer somente um pouquinho dos hábitos, origens e histórias marcantes de 7 culturas ao redor do mundo? Por Angela Dias em seu blog cultural.

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O mundo é um mosaico de culturas fascinantes, cada uma com suas tradições, costumes e crenças únicas. Algumas delas são tão distantes da nossa realidade que parecem saídas de um filme. No entanto, por trás de cada hábito exótico, há histórias de sobrevivência, identidade e conexão com a natureza e a espiritualidade.

Vamos mergulhar em sete culturas incríveis e conhecer relatos emocionantes que ilustram como suas peculiaridades moldam a vida de seus povos.


1. Himba (Namíbia, África) – O povo da pele avermelhada

📌 Definição

Os Himba são um povo semi-nômade que vive no norte da Namíbia, na região de Kunene. São conhecidos por seus costumes ancestrais, que incluem a aplicação de uma pasta avermelhada chamada otjize sobre a pele e os cabelos.

🌍 Principais hábitos e costumes

✔️ Otjize – Mistura de manteiga, gordura animal e ocre vermelho aplicada na pele e no cabelo para proteção contra o sol e insetos.

✔️ Casamento arranjado – As meninas geralmente se casam muito jovens, com base em acordos familiares.

✔️ Tranças simbólicas – Os penteados indicam idade, estado civil e posição social dentro da tribo.

✔️ Religião ancestral – Eles veneram seus antepassados e acreditam em um Deus supremo chamado Mukuru.

✔️ Casas simples – Construídas de barro e palha, sem janelas, para manter o interior fresco.


🌍 História emocionante: O dia em que a chuva lavou a identidade de Nyala
Nyala era uma jovem Himba prestes a se casar. Como tradição, ela aplicava otjize diariamente para realçar sua beleza e se conectar com suas ancestrais. No dia de sua cerimônia, uma tempestade inesperada caiu sobre o vilarejo – um evento raro naquela região árida. A lama escorreu por sua pele, revelando um rosto sem a cor característica do seu povo.
Por um instante, Nyala se sentiu desprotegida, exposta. Mas, ao olhar ao redor, viu que todas as mulheres estavam na mesma situação. Elas riram juntas e, naquele momento, Nyala compreendeu: a verdadeira identidade dos Himba não estava na cor da pele, mas na alma de sua cultura.

2. Mongóis (Mongólia, Ásia Central) – O povo nômade e seus cavalos

📌 Definição

Os mongóis são descendentes do grande império de Genghis Khan e mantêm um estilo de vida nômade, movendo-se conforme as estações do ano. Os cavalos são fundamentais para sua sobrevivência e cultura.


🏇 Principais hábitos e costumes


✔️ Equitação desde a infância – Crianças aprendem a cavalgar antes mesmo de andar.

✔️ Gers (yurts) – Casas portáteis de feltro, fáceis de desmontar e transportar.

✔️ Festival Naadam – Celebração tradicional com competições de luta livre, arco e flecha e corridas de cavalos.

✔️ Culinária baseada em leite – O "airag" (leite de égua fermentado) é uma bebida muito consumida.

✔️ Hospedagem generosa – Nômades mongóis recebem qualquer visitante com comida e abrigo sem pedir nada em troca.


Desde os tempos de Genghis Khan, os mongóis são conhecidos como mestres da equitação. Crescem aprendendo a montar antes mesmo de andar e vivem em gers (yurts), tendas circulares que podem ser desmontadas e transportadas conforme suas migrações.

🐎 História emocionante: O menino que aprendeu a voar sem asas
Batu tinha apenas 6 anos quando recebeu seu primeiro cavalo. No início, caía constantemente, machucando-se a cada tentativa frustrada. Seu avô, um homem sábio, disse:
— “Na Mongólia, filho, não caímos do cavalo. Apenas aprendemos a subir de novo.”
No festival Naadam, Batu enfrentou sua primeira corrida. Com o coração acelerado, lembrou-se das palavras do avô. Montou com coragem, voou sobre as estepes e cruzou a linha de chegada não como um menino, mas como um verdadeiro cavaleiro mongol.

3. Maori (Nova Zelândia, Oceania) – Guerreiros com tatuagens sagradas

📌 Definição

Os Maori são os indígenas da Nova Zelândia, conhecidos pelo seu espírito guerreiro, a dança Haka e as tatuagens faciais Ta Moko, que contam histórias de vida.


🏆 Principais hábitos e costumes


✔️ Haka – Dança de guerra tradicional usada para demonstrar força e intimidar o inimigo. Hoje, também é usada em eventos culturais e esportivos.

✔️ Ta Moko – Tatuagens que representam a história familiar e conquistas individuais.

✔️ Waka (canoas de guerra) – Construídas artesanalmente e usadas para transporte e batalhas no passado.

✔️ Hongi – Tradição de cumprimentar encostando os narizes, representando a troca de fôlego da vida.

✔️ Respeito pela natureza – Os Maori acreditam que a terra e os rios possuem espíritos sagrados.


Os Maori expressam sua identidade através do Haka, uma dança de guerra intensa e cheia de significado. Suas tatuagens faciais, chamadas Ta Moko, contam a história de suas linhagens e conquistas.


🔥 História emocionante: O Haka que silenciou um estádio
Kauri era um jogador de rugby Maori, mas nunca havia sentido a verdadeira força de sua cultura. No dia de uma final mundial, seu time se reuniu antes do jogo. Quando começaram a entoar o Haka, algo despertou dentro dele.
Ao bater o peito e soltar o grito ancestral, sentiu seus antepassados ao seu lado. O estádio, com milhares de pessoas, ficou em silêncio. Naquele momento, Kauri percebeu: ele não era apenas um atleta – era um guerreiro, carregando a alma de seu povo.

4. Bajau (Sudeste Asiático) – O povo nômade do mar

📌 Definição

Os Bajau são um grupo étnico conhecido como os "nômades do mar". Vivem principalmente nas águas da Indonésia, Malásia e Filipinas, passando a maior parte do tempo em casas flutuantes.


🌊 Principais hábitos e costumes


✔️ Mergulho profundo – Conseguem prender a respiração por mais de 10 minutos e mergulhar até 70 metros de profundidade sem equipamentos.

✔️ Casas flutuantes – Algumas famílias nunca tocam a terra firme e vivem completamente no mar.

✔️ Pesca tradicional – Utilizam lanças e redes para capturar peixes e moluscos.

✔️ Rituais xamânicos – Crenças espirituais ligadas ao oceano e à lua, realizando rituais para proteger as águas.

✔️ Casamentos no mar – As cerimônias matrimoniais são feitas sobre jangadas decoradas.


Os Bajau vivem em casas flutuantes e possuem uma habilidade impressionante: conseguem prender a respiração por até 13 minutos para caçar debaixo d’água. Eles praticamente nascem no mar e raramente pisam em terra firme.


🌊 História emocionante: O menino que aprendeu a respirar com o oceano
Tamar nunca conseguiu mergulhar fundo como os outros. Desde pequeno, via os homens de sua tribo Bajau deslizando pelas águas como se fossem parte do próprio mar. Enquanto seus amigos desciam sem esforço até os corais, ele sempre voltava à superfície antes do tempo, ofegante, frustrado. Seu pai sorria pacientemente e dizia:

— “O mar não se apressa, filho. Ele ensina no seu tempo.”

Mas Tamar não queria esperar. Sentia vergonha de ser o único que ainda não dominava o mergulho. Até que, um dia, um grito cortou o ar – sua irmã havia derrubado um objeto precioso nas profundezas. Sem tempo para hesitar, Tamar respirou fundo e mergulhou. Lá embaixo, sentiu o coração acelerar. O medo queria tomá-lo, mas então se lembrou das palavras do pai. Ele fechou os olhos, relaxou e deixou que o oceano o guiasse. Pela primeira vez, ficou submerso por minutos, vendo o mundo azul ao seu redor de uma forma que nunca havia enxergado antes.

Quando emergiu, segurando o objeto nas mãos, os olhares de admiração da tribo o cercaram. Mas nada disso importava. Naquele instante, Tamar sabia que não era mais apenas um menino. Ele havia se tornado um Bajau de verdade.

5. Inuit (Ártico – Canadá, Alasca, Groenlândia) – Os sobreviventes do gelo

📌 Definição

Os Inuit são um povo que habita as regiões geladas do Ártico. Adaptaram-se a um clima extremo, desenvolvendo técnicas de caça e construções como o iglu.


❄️ Principais hábitos e costumes


✔️ Iglus – Construções feitas de blocos de gelo, usadas como abrigo temporário no inverno.

✔️ Caça de subsistência – Alimentam-se de focas, morsas e peixes, utilizando cada parte do animal para sobrevivência.

✔️ Kunik – "Beijo de esquimó", onde esfregam os narizes como demonstração de afeto.

✔️ Vestimenta de pele – Roupas feitas de pele de animais para resistir ao frio intenso.

✔️ Mitos e lendas – Acreditam em espíritos da natureza e possuem histórias passadas oralmente há gerações.


Os Inuit enfrentam temperaturas extremas e constroem iglus para sobreviver. Eles também possuem um jeito peculiar de demonstrar carinho: ao invés de beijos, fazem o kunik, um gesto onde esfregam os narizes uns nos outros.


❄️ História emocionante: O calor no coração do gelo
Nanook cresceu ouvindo que um homem Inuit não chora, não sente medo e não demonstra fraqueza. Desde pequeno, foi ensinado a resistir ao frio cortante do Ártico e a enfrentar qualquer adversidade sem demonstrar emoção. Mas, quando sua esposa adoeceu em meio a uma nevasca intensa, ele sentiu pela primeira vez o gelo não apenas ao redor, mas dentro de si. O medo o consumia, mas ele não podia deixar transparecer. Com mãos trêmulas, construiu um iglu para protegê-la do frio, cuidou dela dia e noite e, em um momento de angústia, se aproximou e esfregou o nariz no dela – o kunik. Foi a primeira vez que disse "eu te amo" sem palavras.

Naquele instante, percebeu que o verdadeiro valor de um homem não estava em esconder seus sentimentos, mas em protegê-los, nutri-los e compartilhá-los. O frio do Ártico continuava ao seu redor, mas dentro do pequeno iglu, o calor do amor os mantinha vivos.

6. Cazaques caçadores de águias (Cazaquistão, Ásia Central) – O elo entre homem e águia

📌 Definição

Os cazaques caçadores de águias treinam essas aves desde filhotes para ajudá-los a caçar nas montanhas do Cazaquistão e Mongólia.

🦅 Principais hábitos e costumes

✔️ Treinamento de águias – Desde pequenos, os meninos aprendem a criar e treinar águias-douradas.

✔️ Festival de Caça com Águias – Uma competição tradicional onde os caçadores demonstram as habilidades de suas aves.

✔️ Vestimentas de pele e couro – Usam roupas feitas de lã, couro e pele de animais para suportar o frio extremo.

✔️ Laços espirituais com as aves – Consideram as águias como parte da família e muitas vezes as libertam após anos de convivência.

✔️ Tradição passada de pai para filho – Somente os mais habilidosos podem se tornar caçadores de águias.


Os caçadores cazaques treinam águias-douradas para caçar raposas nas montanhas. Desde pequenos, constroem uma relação de respeito com suas aves.

🦅 História emocionante: A águia que voltou para casa
Temir criou sua águia desde filhote. Desde pequeno, aprendeu com seu avô que a relação entre um caçador e sua águia não era de posse, mas de respeito e confiança. A águia não era uma escrava, mas uma parceira, livre para partir a qualquer momento. Quando chegou o dia do grande teste, com o coração acelerado, ele a soltou para caçar – mas ela desapareceu. Os dias viraram semanas, e as semanas se tornaram meses. Seu avô dizia que algumas águias simplesmente escolhiam nunca mais voltar. Temir tentou aceitar essa verdade, mas no fundo sentia que havia perdido uma parte de si.

Um ano depois, enquanto subia o topo de uma montanha coberta de neve, sentiu uma sombra passar sobre ele. Levantou os olhos e viu sua águia descendo em sua direção, pousando em seu braço com a mesma majestade de sempre. Ela havia voltado por escolha própria. Naquele momento, Temir compreendeu que a lealdade verdadeira não vem da imposição, mas do amor e do vínculo construído ao longo do tempo.

  1. Huli (Papua-Nova Guiné, Oceania) – O povo das perucas sagradas

📌 Definição

Os Huli são uma tribo conhecida por suas perucas elaboradas feitas de cabelo humano e penas de aves tropicais. Essas perucas são símbolos de status e são usadas em rituais de passagem para a vida adulta.


🦜 Principais hábitos e costumes

✔️ Perucas de cabelo – Jovens passam meses em isolamento para deixar o cabelo crescer, depois ele é cortado para fazer perucas.

✔️ Pinturas corporais – Utilizam pigmentos amarelos e vermelhos para rituais e guerra.

✔️ Caça com lanças – Ainda praticam caça tradicional para alimentação e rituais.

✔️ Cantorias tribais – Contam histórias ancestrais através de músicas e danças sagradas.

✔️ Relação com a natureza – Consideram certas aves sagradas e acreditam que a floresta é lar dos espíritos.

Os Huli usam perucas feitas com seus próprios cabelos e penas coloridas de pássaros tropicais. Os jovens passam meses em reclusão para aprender os ritos masculinos antes de receberem suas perucas.


🦜 História emocionante: A jornada para se tornar um verdadeiro Huli  

Jengo cresceu ouvindo as histórias de seus antepassados e vendo os homens de sua tribo desfilarem com suas **perucas impressionantes**, feitas com seus próprios cabelos e adornadas com penas vibrantes de aves tropicais. Para os Huli, essa peruca não era apenas um adorno – era **um símbolo de maturidade, força e respeito**. Todos os meninos esperavam ansiosamente pelo momento de sua iniciação, quando poderiam deixar de ser crianças e se tornar verdadeiros homens da tribo. Agora, chegara a vez de Jengo. Mas o caminho para se tornar um **Huli completo** era árduo.  

O isolamento e a disciplina

A iniciação exigia que os jovens **se afastassem de suas famílias** e vivessem em um local isolado na floresta, sob a orientação dos anciãos. Durante meses, eles deveriam **cultivar seus cabelos**, pois apenas os próprios fios poderiam ser usados na confecção da primeira peruca. Enquanto isso, seguiam regras rígidas:  

✔️ Não podiam rir ou brincar, pois o riso era visto como um sinal de imaturidade.  
✔️ Não podiam tocar nas mulheres, nem mesmo em suas mães, pois acreditavam que isso enfraqueceria seu crescimento.  
✔️ Precisavam aprender a caça e a sobrevivência na selva, demonstrando sua capacidade de prover para a tribo.  
✔️ Passavam por rituais de purificação, para garantir que estivessem espiritualmente preparados para a nova fase da vida.  

Para Jengo, o isolamento era o mais difícil. Ele sentia falta da voz suave de sua mãe, do cheiro das ervas que ela preparava e da risada de suas irmãs. Havia dias em que pensava em desistir. O silêncio pesava mais do que qualquer outra provação.  

*A noite final: o reflexo na água* 

No último dia de sua iniciação, Jengo foi levado até um lago sagrado. Os anciãos o guiaram para a margem e pediram que ele olhasse seu próprio reflexo.Ele hesitou. O menino que entrou naquele lugar meses atrás não sabia quem veria no espelho d'água. Mas quando finalmente olhou, ficou surpreso. Seu rosto estava diferente – **mais forte, mais firme**. Seus cabelos, agora crescidos e preparados para a peruca, eram a prova visível de sua jornada.  
Foi naquele momento que Jengo entendeu: não era mais um menino. Ele havia se tornado um verdadeiro Huli.  
Com o nascer do sol, ele recebeu sua primeira peruca e foi apresentado à tribo como um **homem pronto para honrar sua cultura, sua história e seus antepassados**.  
Agora, não era apenas um garoto esperando para ser reconhecido. Ele era um guerreiro, um caçador, um Huli.

Essas histórias revelam que, independentemente do lugar ou das tradições, cada cultura carrega lições profundas sobre identidade, superação e conexão com o sagrado. Seja na vastidão do deserto, no frio implacável do Ártico ou nas águas infinitas do oceano, cada povo encontrou sua forma única de viver, resistir e transmitir sua herança.

O mundo é um mosaico de riquezas culturais, e cada uma delas nos desafia a enxergar além da nossa realidade. Qual dessas culturas mais te impactou? 🌍✨


Angela Dias - Instagram SBF.

 
 
 

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